'Arapongagem?' - Vazamento de áudios deflagra crise no Governo de Carlos Brandão, no Maranhão.
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| Flávio Dino e seu Ex-aliado, Carlos Brandão |
O vazamento de uma negociação onde ex-aliados tentavam um suposto “suborno” contra o governador do Estado, Carlos Brandão (Sem Partido), agitou os bastidores do poder, nos últimos dias.
O caso veio à tona após o Deputado Estadual Yglésio Moysés (PRTB), descortinar a trama na Tribuna da Assembleia Legislativa, onde apresentou trechos de conversas em que os deputados federais Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Márcio Jerry (PCdoB-MA), supostamente discutiam uma articulação política para “selar a paz” com o grupo de Brandão, condicionada ao apoio irrestrito à campanha de João Haroldo (PCdoB-MA), irmão de Jerry, que foi candidato à Prefeitura de Colinas-MA, cidade no interior do Estado, reduto de Carlos Brandão.
Mas, as exigências dos mandatários não pararam por aí, na cidade de Barreirinhas-MA, município famoso por abrigar os Lençóis Maranhenses, eles queriam que o atual governador deixasse o apoio à candidatura de Vinicius Vale (MDB-MA), filho da Deputada Estadual Iracema Vale (PSB), para garantir a eleição do Prefeito Amílcar Rocha (PCdoB-MA), que acabou nem sendo candidato.
Na ligação, Rubens Júnior disse que se o governador garantisse o cumprimento dessas duas pautas zeraria tudo! “Eu libero o TCE, a gente faz de conta que a gente nunca se desentendeu em nada na vida. Zera o jogo todo de novo […]”.
A referência ao TCE é uma menção às duas ações judiciais no STF, cuja relatoria está com Flávio Dino (ex-governador do Maranhão), a quem os deputados são ligados politicamente. Segundo informações, o Governador Carlos Brandão havia indicado um sobrinho para integrar o tribunal. Tendo sido a escolha “barrada” por duas ações movidas, uma pelo Partido Solidariedade e outra pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Além dos parlamentares também estão envolvidos o Secretario Executivo do Ministério dos Esportes, Diego Galdino e o Desembargador do TRF Ney Bello Filho, os quais nos prints apresentados pelo Deputado Yglésio, figuraram reforçando atitudes que deveriam ser tomadas para que Brandão se garantisse no cargo e de fato pudesse sentar na cátedra do Palácio dos Leões (sede do governo Estadual), para governar com tranquilidade.
Os deputados federais Márcio Jerry e Rubens Júnior, usaram a Tribuna da Câmara Federal para “denunciar” esse suposto grampo, mas também, não desmentiram o fato.
Na última quinta-feira (23), já em São Luís, o grupo convocou uma coletiva de imprensa em uma sala da ALEMA, para “esclarecer” os fatos, enquanto que o Governador Carlos Brandão, em nota, negou ter gravado ilegalmente qualquer uma das conversas privadas, mas, alegou ter sido vítima de chantagem política.
A crise está instaurada!
O grupo ligado a Flávio Dino, pediu que os integrantes que possuíam cargos no governo de Brandão pedissem demissão. Assim aconteceu com os Secretários Estaduais, Rubão [Rubens Pereira – pai], (Secretário de Articulações Políticas) e Robson Paz (Secretário de Estado de Cidades), que já entregaram os cargos.
Também o PSB havia se organizado para fazer uma reunião com a Diretoria Executiva Estadual para expulsar o Governador Carlos Brandão do partido, porém, foram surpreendidos com o fato de que o chefe do executivo estadual já havia se desfiliado em agosto/2025, sem mesmo comunicar oficialmente a sigla.
A crise expõem as feridas da antiga aliança Flávio Dino-Carlos Brandão, já que os dois caminharam juntos enquanto Flávio (atual Ministro do STF), fora governador do Estado de 2014 a 2022, quando renunciou para disputar o cargo de Senador.
Mas, os dois foram se afastando progressivamente. O clima piorou quando Dino foi indicado por Lula ao STF, no início de 2024. Pois, menos de uma semana depois de tomar posse como Ministro da Suprema Corte, Dino foi sorteado para relatar as ações que questionavam a constitucionalidade da indicação do sobrinho de Brandão, para o Tribunal de Contas.
Além de não se declarar impedido, o Ministro ainda acatou uma liminar que suspendeu o processo de nomeação de conselheiros do órgão, em março/2024.
Ao ser questionado acerca dos vazamentos dos áudios de aliados, Flávio Dino apenas se ateve a mencionar que “questões judiciais se discutem nos autos” e que não comentaria nada mais a respeito, pois não está mais na política.
Com o racha da esquerda no Maranhão, a situação da base de apoio do Presidente Lula no Estado fica extremamente prejudicada. Abrindo espaço para que as forças da direita assumam um maior protagonismo.
Principalmente em um contexto onde a capital do Estado passa por um verdadeiro caos na segurança pública, agravada por disputadas territoriais de facções, no território da grande ilha. Situação que o Governo Brandão nega, sinalizando não passar de “fake news”, disseminadas para amedrontar o povo e descredibilizar sua gestão.
