SINDIOPTO: Disputas e dissensões assolam sindicato de optometristas recém fundado
Com menos de um mês de fundação, o SINDIOPTO - Sindicato Nacional dos Ópticos e Optometristas do Brasil, já coleciona uma série de dissensões.
Após ter sido alvo de críticas, por conta das supostas ilegalidades identificadas no processo de condução da Assembleia de fundação. Agora, um conflito envolvendo a disputa pela presidência do órgão veio à tona, abalando ainda mais a já questionada entidade.
Conforme fontes ouvidas pela nossa reportagem, um Técnico em Optometria do Tocantins, estaria organizando um levante para desmontar o suposto golpe orquestrado pelo atual presidente.
Izaías Gomes da Silva acusa Luiz Henrique Sacagni de "traição"!
Segundo foi informado, Luiz havia procurado Izaías no sentido de angariar apoio na mobilização da classe profissional em todo o Brasil.
O técnico Izaías, segundo foi informado, possuía ampla experiência com organização sindical, tendo em vista que havia atuado ativamente na organização e criação do "Conselho" Regional de Óptica e Optometria do Rio de Janeiro, ligado à família Bretas. O profissional parece que também já tinha feito uma breve passagem pela ABTO - Associação Brasileira dos Técnicos em Optometria.
Líder nato, Izaías prontamente iniciou uma verdadeira cruzada em busca de aglutinar forças para a formação de uma entidade sindical de nível nacional, que representasse a precária classe dos técnicos em optometria, cuja atuação vem sendo objeto de inúmeros contenciosos judiciais.
O cenário parecia perfeito! A estratégia seria buscar profissionais técnicos que se sentem prejudicados pelo abandono da Confederação Brasileira de Óptica e Optometria - CBOO.
Ou seja, o público-alvo seriam aqueles que enfrentavam problemas judiciais ou tinham seus consultórios interditados pela Vigilância Sanitária, bem como os que apoiaram o movimento em favor da ADPF, mas ficaram insatisfeitos com o resultado obtido pela CBOO no STF - decisão que apenas beneficiou os optometristas com formação em nível superior.
Enquanto isso, Luiz Sacagni, atuava junto à CUT e com atores políticos estratégicos, na intenção de se fortalecer.
Em junho de 2025 o Diário Oficial da União divulgava o Edital de Convocação para a Assembleia Geral Extraordinária, de fundação do Sindiopto.
Marcada para o dia 23/07/2025, o texto do edital informava como pauta da Assembleia, o exposto: a) Fundação do Sindicato Nacional dos Optometristas e Técnicos em Óptica e Optometria; b) Deliberação sobre a base territorial nacional do Sindicato, que abrange todos os Estados e Municípios do País; c) Deliberação sobre a proposta de Estatuto; d) Eleição e posse dos membros da Diretoria e Conselho Fiscal, bem como dos respectivos suplentes; e) Filiação a entidades de grau superior e Central Sindical.
Porém, nada disso aconteceu! A reportagem da Folha recebeu informações concretas de que o evento de fundação fora marcado por uma série de ilegalidades. Nada foi discutido, muito menos o Estatuto. A eleição e posse da Diretoria, aconteceu praticamente por imposição.
Troca de acusações...
Uma fonte sinalizou que o Técnico Izaías estava em São Paulo na data marcada para a fundação do SINDIOPTO, supostamente a convite de um membro da CUT. Entretanto, fontes ligadas a Luiz Sacagni, afirmou que Izaías teria viajado até a capital, para tentar inviabilizar a posse da atual diretoria, já que na véspera, teria ficado claro para o técnico, que o mesmo já era "carta fora do baralho" e que o mesmo, teria supostamente sido usado por Luiz, apenas como "massa de manobra", para o alcance dos próprios interesses.
Fontes ligadas a Luiz, indicam haver claros indícios de que Izaías estaria buscando no SINDIOPTO, um meio para alcançar a anistia aos seus vários problemas com a justiça brasileira, além de nutrir interesses pessoais de enriquecimento, por meio de comissões, com a venda de matrículas de cursos tecnólogos de graduação em optometria, em parceria com a Faculdade Internacional de Evolução Profissional - FIEP, já que o técnico figura como suposto proprietário de um polo de EAD, em Gurupi–TO, que oferta também certificação por competência técnica em óptica e optometria.
No Tribunal de Justiça do Tocantins, nossa reportagem teve acesso à íntegra de um dos processos que pesa contra Izaías Gomes da Silva. O documento, prolatado pela 1ª Vara da Fazenda e Registros Públicos da Comarca de Gurupi, indica que a empresa IZAIAS GOMES DA SILVA SERVICOS DE OPTOMETRIA LTDA, que tinha como sócio administrador o referido profissional, fora interditada pela Vigilância Sanitária e que pesa sobre o Técnico acusações de venda casada de consultas de vista e óculos de grau, além de "exercício ilegal da medicina" na Ação Penal nº 0003452-38.2020.8.2702, tendo sido denunciado pela mesma prática, em outra Comarca.
O documento também menciona que, Izaías foi condenado pelo suposto crime em 2023, conforme indicam os autos do processo de n° 0010627-86.2021.8.27.2722, com o trânsito em julgado [sem possibilidade de recursos], inclusive.
Ainda sobre a peça processual, foi identificado um trecho de uma Ação Penal, movida pelo Ministério Público do Tocantins, que traz em seu bojo, o relato da Agente de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina, Alice Débora, a qual realizou diligências na "Clínica da Visão" (nome fantasia da empresa), no qual menciona ter sido abordada por um agenciador de planos funerários que ofertou o produto, cujo brinde seria uma consulta gratuita com o suposto "médico oftalmologista" Izaías.
Por outro lado, fontes ligadas ao Técnico Izaías, acusam Luiz Sacagni de buscar no novo Sindicato, uma via para lucrar com a contribuição sindical compulsória. Segundo relatou a pessoa ouvida, o mesmo já teria firmado acordos com parlamentares, que supostamente injetariam emendas valendo-se da entidade sindical, com o fito de fazer uso indevido dos recursos, utilizando como norte, a bandeira da suposta "defesa" da classe dos ópticos e optometristas do Brasil.
Na Justiça de São Paulo, Luiz Henrique Sacagni parece que chegou a responder por várias ações trabalhistas protocoladas no TRT2 por ex-funcionários e até pelo Sintracom-SP. Na esfera cível, uma suposta penhora de bens em processo movido pela Prefeitura de São Paulo no TJSP, por impostos não pagos, pesou contra Luiz, na condição de sócio administrador da MULT PROTECAO LTDA , empresa que atualmente encontra-se inapta por omissões de declarações junto à Receita Federal.
Impugnação do SINDIOPTO
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, ingressou com uma ação pugnando pela anulação da constituição do SINDIOPTO junto à Justiça do Trabalho.
Também Izaías Gomes se articula para protocolar pedidos de impugnação junto ao TRT2 e ao Ministério Público do Trabalho, alegando irregularidades na Assembleia.
A suposta falta de credibilidade, apontada por técnicos optometristas, aduzida por tais movimentações e acordos de interesse firmados pelas pessoas que lideraram o movimento pró-Sindiopto. Na visão dos próprios profissionais, pode sepultar definitivamente a possibilidade de uma união da classe de ópticos e optometristas, no sentido de lutar pela regulamentação da profissão e garantia de direitos fundamentais para o pleno exercício profissional.
Parece que o novo Sindicato já é natimorto!