COP 30 em Belém: O Risco de um Fiasco Anunciado
A escolha de Belém do Pará como sede da COP 30, em 2025, deveria ser um marco para o Brasil—uma chance de mostrar ao mundo seu protagonismo na agenda ambiental e o potencial da Amazônia como eixo de desenvolvimento sustentável. No entanto, o que se vê, a pouco mais de um ano do evento, é um cenário preocupante: a possibilidade real de cancelamento ou de uma conferência marcada por improvisos e custos estratosféricos. O motivo? Falhas logísticas estruturais e uma especulação imobiliária que ameaça transformar a COP em um caso clássico de oportunidade perdida.
Relatórios preliminares já alertam para a insuficiência de infraestrutura hoteleira em Belém, com uma demanda que supera em muito a oferta de leitos. Diárias que custavam R$ 200 há alguns meses agora são cotadas a R$ 2 mil ou mais—um aumento de 900% em certos casos. Se nada for feito, delegados, jornalistas e observadores internacionais podem enfrentar hospedagens precárias ou ter que se deslocar diariamente de cidades vizinhas, comprometendo a eficiência do evento.
Além disso, questões básicas como transporte, segurança e conectividade ainda não foram resolvidas. O aeroporto de Belém opera próximo do limite, e o sistema de mobilidade urbana é insuficiente para receber um fluxo repentino de dezenas de milhares de pessoas. Enquanto isso, o governo federal e o estado do Pará parecem subestimar a urgência do problema, perdendo tempo em disputas políticas em vez de buscar soluções concretas.
O risco é claro: se o Brasil falhar na organização da COP 30, não apenas desperdiçará bilhões em recursos públicos, mas também manchará sua imagem internacional justamente no momento em que tenta se reposicionar como líder ambiental. A Amazônia merece mais do que discursos. Se Belém não estiver pronta, será melhor admitir a tempo e realocar o evento do que insistir em um projeto fadado ao fracasso. A credibilidade do país está em jogo.