Com apoio da CUT, Sindicato Nacional dos Ópticos e Optometristas (SINDIOPTO) é fundado em SP.

  O evento foi ansiosamente aguardado por técnicos em óptica e optometria de todo o país. Mas, acabou desapontando alguns presentes...

Imagem: Assembleia de fundação do SINDIOPTO / Divulgação

São Paulo - 23 de julho de 2025 - A Assembleia de Constituição do SINDIOPTO aconteceu na noite desta quarta-feira, na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo - SP. 

A cerimônia deu-se início às 20h:40min no Horário de Brasília, após a segunda chamada nominal para formação do quórum de votação, e contou com a participação de membros da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços - CONTRACS e o apoio total do SEMAPI - Sindicato Cidadão, com sede no Rio Grande do Sul, o qual organizou toda a logística de T.I, para possibilitar a participação de membros dos vários Estados do Brasil.

A mobilização para a fundação do SINDIOPTO começou mais intensamente em meados do mês de março, quando trabalhadores de vários Estados da Federação, decidiram por promover a organização estratégica dos técnicos ópticos e optometristas, no Brasil.

O anúncio dessa intenção, acabou incitando reações contrárias por parte do "Conselho" Brasileiro de Óptica e Optometria (CBOO), que embora se intitule como nas aspas, trata-se de uma entidade associativa (associação de direito privado) que há 30 anos vem pleiteando nas esferas políticas, o status de Conselho de Classe (autarquia federal), na forma da Lei. 

Entenda a querela!

Após tomar conhecimento de que técnicos em óptica e optometria estariam se organizando para formar um Sindicato Nacional com o apoio da CUT, a CBOO emitiu em suas redes sociais, no dia 06 de maio de 2025, uma nota em tom de repúdio, por meio da qual assim se expressou:

"A CBOO adverte a todos optometrista e aos ópticos que não está envolvida ou sequer oficialmente cientificada de reunião para formação de um sindicato.

Alertamos ainda que a divisão de forças, historicamente não se traduz em aumento da representatividade e expressão.

Outrossim, reiteramos nosso compromisso com o diálogo e defesa de toda a categoria, com responsabilidade, transparência e compromisso com a verdade.

Estaremos sempre à disposição para a conversa propositiva e leal, pelo que, recomendamos cautela com promessas vazias e críticas infundadas e maliciosas daqueles que se recusam a dialogar, preferindo a desconstrução e desunião.

Juntos somos mais fortes!"
  - Afirmou a entidade.


 Segundo partidários do movimento sindical pró-SINDIOPTO, a criação do Sindicato Nacional irá fortalecer principalmente os Técnicos em Óptica e Optometria, os quais foram esquecidos pela CBOO e supostamente "perseguidos", por membros da instituição, já que no Brasil, a classe dos optometristas ainda enfrenta um quadro de insegurança jurídica e muitos desses técnicos, teriam supostamente sido prejudicados na esfera cível e criminal, por exercício "ilegal" da profissão, o que resultou em fechamentos de consultórios e até prisão de profissionais, em alguns Estados.

No que concerne à CBOO, embora não seja ainda uma Autarquia Federal com legitimidade para atuar como Conselho de Classe, (essa informação está expressa no rodapé do próprio site da CBOO), até o fechamento dessa matéria, a instituição informava os valores cobrados a título de anuidade por afiliação, os quais estão discriminados a seguir:

- Técnico em Óptica: R$ 563,00

- Técnico em Optometria: R$ 755,00

- Optometrista com nível superior: R$ 947,00 

Em troca, a Associação emite uma carteirinha ao filiado e promete "benefícios", dentre eles: clube de vantagens e representatividade". O órgão conta atualmente com mais de 7 mil filiados.

O lobby da CBOO responde pela formação da Frente Parlamentar Mista da Optometria no Congresso Nacional, cuja liderança recai sobre o Deputado Federal Márcio Marinho (Republicanos - BA) e pretende defender, discutir e promover a Optometria e a Saúde Visual no país. 

Uma Assembleia Sindical conduzida "a toque de caixa!"

Embora tenha sido muito aguardada pelos participantes dos diversos grupos de mobilização em prol da fundação do SINDIOPTO, a condução da Assembleia pegou de surpresa os presentes e desagradou participantes.

Era por volta das 20h:50min, quando àquele que presidia o escrutínio, deliberou a votação para definir a criação da entidade. Até este momento, estava tudo bem! Dos presentes, 95% aprovaram.

O problema começou, quando os participantes tiveram que deliberar acerca do Estatuto e sobre os cargos de presidência e diretoria. 

Os signatários alegaram não terem conhecimento do Estatuto, acerca do qual, nada também foi falado durante o evento, muito menos os nomes completo dos postulantes aos cargos de presidência e diretorias, e suas devidas qualificações civis.

No sistema eletrônico de votação (Plataforma Zoom), apenas existiam duas opções de voto: "Sim" e "não", não havia possibilidade de abstenção. Várias questões de ordem foram encaminhadas, mas todas elas ignoradas.

Mesmo assim, o resultado apareceu favorável: 76% aprovaram o (des)-conhecido Estatuto e 24% votou contra, pois alegaram não saberem nada do que estava sendo arrolado. Em relação à diretoria, 85% deu o seu "placet!".

O que se conclui de toda essa cerimônia, literalmente "virtual", foi a de que os técnicos foram utilizados como "massa de manobra", para que conseguissem aprovar a fundação do SINDIOPTO, a qualquer custo.

Tanto que, na véspera, os grupos de whatsapp foram todos deletados, para impedir qualquer mobilização contrária de 'última hora', que prejudicasse o fito.

O processo legislativo, que rege uma Assembleia Sindical, fora completamente 'escrachado'. 

O processo legislativo em uma assembleia sindical refere-se ao conjunto de etapas e procedimentos que uma assembleia utiliza para tomar decisões, aprovar resoluções e definir a atuação do sindicato. Ele envolve a apresentação de propostas, discussão e votação.

Porém, no caso concreto do SINDIOPTO, apenas houve a etapa "votação" [...] sem propostas e muito menos, discussão.

As falas dos presentes foram suprimidas, microfones dos participantes desligados, e abruptamente, a Conferência Virtual fora encerrada, após breve agradecimento do agora presidente da entidade. 

Ante os fatos, presume-se que, supostamente, os Técnicos em Óptica e Optometria, foram traídos!

Optometria segue sem regulamentação no Brasil

Em que pese todos esses movimentos por disputa política em torno dos profissionais da óptica e da optometria, convém ressaltar que a profissão do Optometrista ainda não é regulamentada no Brasil.

O país vai na contramão das recomendações da Organização Mundial da Saúde e de países Latino-Americanos próximos, como Colômbia e Argentina, que reconhecem nesse profissional, um agente importante de saúde visual, atuando no combate à cegueira evitável.

Ainda que o MEC, em seu Catálogo Nacional de Cursos, autorize a oferta de cursos técnicos em optometria e seja muito claro quanto ao perfil profissional do egresso, a ADPF 131, discutida no Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu que apenas graduados em nível superior (bacharel ou tecnólogo em Optometria) podem atuar clinicamente.

Por trás de todas essas dissensões, existem interesses políticos, econômicos e financeiros de grande monta. Um cenário desolador, que vai tornando ainda mais distante, a pacificação entre pares e a segurança jurídica do exercício profissional do optometrista brasileiro.

 

 

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