Ex-seminarista paraense prepara livro sobre os bastidores do clero católico.


O ex-seminarista paraense, Brendo Firmino da Silva, se prepara para lançar o seu primeiro livro, intitulado “A vida secreta dos padres gays”. A obra, que já conta com mais de 200 páginas escritas, parece não poupar detalhes sobre os bastidores do clero católico. E conta minúcias das experiências que o autor viveu ao longo dos seus cinco anos como coroinha e sete anos como seminarista, em diversas paróquias, mantidas por congregações religiosas do Brasil e do exterior, por onde o jovem passou.

Segundo Brendo, que atualmente reside em São Paulo, capital, “[…] a homossexualidade no clero católico não é uma questão recente, mas muito antiga” — afirma o autor, que se considera “ativista responsável”, em um post público na rede social X.

“[…] expor isso é apresentar a minha própria história, as minhas próprias dores. Às vezes seguramos algumas coisas por tanto tempo e aquilo fica nos afligindo, sabe?! Acho que eu falando sobre [o assunto] contribuirei com um tijolinho para a evolução da sociedade. E, essa evolução passa pela mudança ou pela maturação dos dogmas religiosos, principalmente no que diz respeito à sexualidade humana. Que é uma riqueza da natureza para nós. É uma coisa tão bela, tão bonita, que muitas vezes é atacada pelo discurso religioso hipócrita […] — disse o jovem em outro vídeo.

O lançamento do livro está previsto para o primeiro semestre de 2024, na capital paulista, detalhes estão sendo postados no Instagram da obra @avidasecretadospadres. 
Sua estrutura, conforme foi divulgado, está organizada em cinco capítulos. O primeiro é autobiográfico e os demais constam de reflexões acerca da sexualidade do ponto de vista da psicologia e seus contrastes com histórias reais envolvendo o ex-seminarista e membros de uma denominação multi secular, cuja moral religiosa, produziu historicamente um movimento repressivo. Contra o exercício da sexualidade, tratando-a como algo pecaminoso, imundo, diabólico, que acabou por provocar um sentimento de medo e culpa coletiva nas pessoas.

Em contrapartida, por trás das paredes milenares do edifício moral construído pelo catolicismo, o clero cultiva uma vida dupla e sexualmente ativa [majoritariamente gay]. Compondo um cenário de prostituição interna [entre os próprios religiosos], onde promiscuidade, abuso de poder e violações são manifestações comuns. Esta realidade, nua e crua, apresenta uma imagem completamente diferente acerca daquelas que os fiéis imaginam se tratarem de pessoas angelicais e humanamente evoluídas. — defende Brendo.

As controvérsias envolvendo os bastidores da Igreja Católica Romana não é mais novidade para ninguém. Afinal de contas, tem sido cada vez mais frequente os escândalos decorrentes de desvios disciplinares por parte de lideranças eclesiásticas. A publicidade de tais fatos costuma provocar severo constrangimento entre os fiéis e acaba cooperando para o descrédito daquela que representa na contemporaneidade a única instituição que sobreviveu à crise do medievo. 

 Apesar de longevo, o catolicismo ainda possui forte poder político religioso, principalmente no Brasil, país com maior número de adeptos, segundo o Anuário Pontifício de 2023 (documento elaborado pelo Escritório Central de Estatística da Igreja). 

Entretanto, em outras regiões, com o avanço do laicismo, [como na Europa] a instituição enfrenta uma forte crise institucional, agravada por questões morais, como o recente escândalo envolvendo padres poloneses. Os quais organizaram uma orgia gay, que resultou na overdose de um garoto de programa e na renúncia do Bispo da Diocese de Sosnowiec, Grzegorz Kaszac no último dia (24). 

Na Igreja Católica, o que “não é sagrado, é secreto!”, diz o adágio.

Da redação

FOLHA 390, Jornalismo Independente


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