"Educando com o c*": Fundada por um bispo católico, UFMA protagoniza escândalo e expõem decadência da educação pública.
Imagem: Redes Sociais / Divulgação
* Jornalista, Geógrafo, Sociólogo, Esp. em Ciências Sociais, Pedagogo, com pós-graduação nas áreas de Docência do Ensino Superior e na Educação Profissional de Nível Técnico. |
O cenário é esse da foto: uma travesti; uma mesa redonda promovida pela Universidade Federal do Maranhão; o erotismo disfarçado de "pluralidade" e a ideologização do ensino público. Parece até uma cena de comédia de filme americano, mas, a realidade é a do horror brasileiro mesmo!.
Esse foi o asqueroso acontecimento que se sucedera nas dependências de uma instituição federal de ensino superior do Maranhão. Instituição com mais de cinco décadas de existência, mantida com os nossos recursos. O fato expõem o mais abjeto nível de decadência social e moral.
Tenho a sensação de que estamos fadados a
ter que suportar tudo isso, em nome de uma falsa ideia de "pluralidade" e
"democracia". Seria a concretização do inferno na terra?
Falar de valores basilares, que albergue o significado de
respeito mútuo representa atualmente coisa para conservadores ranzinzas. Essa "gente" precisa ser combatida, pelo menos é isso que pensa essa corja de "pseudo intelectuais" que defendem essa agenda perversa de manipulação e depauperação de tudo o que é humanamente digno e justo.
Amigos leitores: Hoje em dia tudo virou questão de "esquerda" ou "direita". Essa esquizofrenia social, tornou a vida mais complexa e a existência mais "chata".
Perdeu-se, portanto, a objetividade do debate e as opiniões não passam de mera ilação, já que em tempos de [des] informações difusas e de fácil acesso pelas redes sociais, "ninguém esclarece ninguém".
Nessa conjuntura, cada cabeça, cada mente, se transformou em um estreito universo de verdade absoluta e irrepreensível. Todos se autointitulam doutores acerca de determinado assunto. Nas palavras da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa: "O ser humano aliena-se no coletivo e se liberta na individualidade [o que não tem nada a ver com individualismo]".
No campo da ignorância, o senso comum parece estar bem confortável. Pessoas, assim, são completamente afeitas a qualquer tipo de intervenção que incomode esse estado de conformidade. A maioria está longe de atingir o mínimo grau daquilo que se conhece por evolução humana, em qualquer campo da vida prática. A questão é que: quem não vence suas crenças, seus dogmas, dentro da própria mente, não vence em lugar algum!.
Qualquer discurso que contradiga um comportamento banal e irresponsável, é tratado como discriminação da elite opressora, machista, supremacista, racista, homofóbica, intolerante, antidemocrática... bla...bla...bla. (os adjetivos são inúmeros).
O problema é que, assim como na Constituição Federal, no âmbito dos costumes morais, também existem cláusulas pétreas!
Frente ao ocorrido, pesa que a UFMA fora fundada por um bispo católico.
AS ORIGEM CATÓLICA DA UFMA
Fundada em 1953, a partir da então Faculdade de Filosofia de São Luís do Maranhão, por iniciativa da Arquidiocese de São Luís, na pessoa de Dom José de Medeiros Delgado, da Academia Maranhense de Letras e da Fundação Paulo Ramos, a UFMA representou um importante marco para o desenvolvimento do Estado.
A origem católica da instituição, revela o papel visionário que a igreja, capitaneada por Dom Delgado, protagonizou na luta política e social pelo fortalecimento das instituições e o progresso da sociedade maranhense.
Na década de 60, através do Decreto 50.832, precisamente no dia 25 de agosto de 1961 (dia dedicado a S. Luís Rei de França, padroeiro de São Luís), a Universidade criada pela arquidiocese, em parceria com setores tradicionais da sociedade maranhense e inicialmente mantida pela Fundação Paulo Ramos, é reconhecida como Universidade Livre, passando a adotar o nome social de Universidade do Maranhão (sem o termo "católica"), agregando à Faculdade de Filosofia, a Escola de Enfermagem "São Francisco de Assis", a Escola de Serviço Social e a Faculdade de Ciências Médicas.
Mais tarde, Dom Delgado, chanceler da Universidade, sugeriu ao MEC a criação de uma Fundação oficial que figurasse como legítima mantenedora da instituição, para que assim passasse a agregar também a Faculdade de Direito, a Escola de Farmácia e Odontologia e a Faculdade de Ciências Econômicas, as quais funcionavam como entidades federais isoladas.
Em 21/10/1966 foi oficialmente averbada a Fundação Universidade do Maranhão (FUM). Em 14/11/1972, durante a gestão do Reitor Cônego José de Ribamar Carvalho, foi inaugurada a primeira unidade no Campus do Bacanga, Presidente José de Alencar Castelo Branco, local onde hoje funciona a Cidade Universitária Dom Delgado (campus magno da UFMA, em São Luís).
A NOTA "SOFT" EMITIDA PELA UFMA, APÓS O ESCÂNDALO
Em resposta ao escândalo provocado pela historiadora Tertuliana Lustosa, a UFMA emitiu uma nota ainda na quinta-feira (17), asseverando que a "[...] Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, [...] Por ser um lugar de múltiplas formas de conhecimento, os cursos, de graduação e de pós-graduação, possuem autonomia para discutir os variados temas que permeiam a nossa sociedade e que se apresentam com base em diversas teorias científicas [...] a UFMA informa que está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente.".
Valendo-se dos estudos de análise de conteúdo, propostos pela ilustre pesquisadora Laurence Bardin (1977), não é difícil inferir, a partir da nota, que a direção da instituição de certa forma "endossa" esse tipo de comportamento. Em tese, se está "passando o pano", diante do que aconteceu, como se diz no popular, e que essa suposta investigação/apuração, provavelmente resultará não só na impunidade dos envolvidos, mas no próprio escárnio do contribuinte.
Isso só evidencia a decadência da educação pública de nível superior no Brasil, fortemente ideologizada e precarizada sob o pretexto de promover diversidade de pensamento e universalidade.
Considerado Doutor Honoris Causa, pela Res. 234/2015, é lamentável que a ilustre memória de Dom Delgado, seja vilipendiada dessa forma. O Padre João Mohana, outro grande nome eclesiástico da sociedade maranhense, em seu artigo "Pelo Maranhão passou um homem preocupado com o Maranhão", publicado no Jornal cearense "O Povo", em 27/07/1975, destacou a personalidade "visionária" do bispo, elencando seus inúmeros esforços seja na criação da UFMA, da Cooperativa Banco Rural do Maranhão e de muitas outras instituições, que consistiram em um importante salto para o progresso do Estado.
Igualmente triste, é saber que existem pessoas que consideram "normal" e, que ainda defendem essa nova pedagogia de "educar com o c*", sob o pretexto de progressismo. Nossas crianças, adolescentes e jovens, são o produto do meio em que vivem. Como dizia Rubem Alves, não tem como você plantar Eucaliptos e colher Jequitibás.
Triste Brasil!
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