Lula utiliza-se do seu "prestígio" para abonar democracia relativa de líderes internacionais


O presidente da República Federativa do Brasil não para de passar vexame na comunidade internacional por suas declarações.

Como se não bastasse a crise estabelecida contra o governo de Israel, após comparar as incursões militares na Palestina ao holocausto de Hitler, o mandatário agora resolveu defender a "democracia relativa" de Nicolás Maduro e atacar a oposição venezuelana.

Não é de hoje que o Brasil protagoniza episódios de "vexame" na comunidade internacional. Contudo, o contexto atual é de um mundo beligerante, completamente diferente da conjuntura global em que se desenvolveu o governo Dilma e Bolsonaro, famosos por protagonizarem polêmicas nessa esfera.

Isso significa que, qualquer piadinha ou comentário infeliz propalado na tribuna mundial, pode provocar severos danos nas relações diplomáticas e prejudicar os interesses nacionais.

Durante entrevista, após encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, Lula defendeu a candidatura de Maduro à reeleição e atacou a chapa oposicionista.

"Eu fui impedido de concorrer as eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato e disputou as eleições. Na Venezuela, está marcada as eleições para o dia 28 de julho, é o que eu fiquei sabendo ontem e hoje pela manhã. Agora, a pergunta de vocês é se as eleições vão ser honestas ou não. O que eu posso esperar? Que haja as eleições para a gente saber se foram democráticas ou não", disse.

A fala do presidente brasileiro, escamoteia um fato muito coincidente, constatado em países cujos regimes ditatoriais são travestidos de democracia, como na Venezuela. Trata-se do modus operandi com que esses governos se estabelecem.  

Onde, frequentemente, esses líderes 'democratas' se utilizam da estrutura republicana para conseguir a ascensão ao poder e, uma vez alcançado o objetivo, canibalizam o próprio sistema democrático que o levou ao posto, resultando no completo aparelhamento das instituições e à consequente erosão do controle popular. Passando a perseguir violentamente oposicionistas, valendo-se do ativismo judicial como justificativa para tais atos. Portanto, criminalizando tudo aquilo que é afeito ao respectivo projeto de poder.

Vale ressaltar que o acompanhamento da lisura do processo eleitoral, em qualquer país democrático, deve acontecer antes, durante e após o pleito e não na conclusão do processo, como defendeu Lula.

No caso venezuelano, uma coalização de partidos da oposição ao regime de maduro escolheu como candidata a deputada María Corina Machado, que em janeiro foi considerada inelegível pela Suprema Corte do país, famosa por ser controlada por Nicolás Maduro.

"Eu chorando, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou mulher? Você não me conhece. Estou lutando para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo em eleições presidenciais livres nas quais derrotarei Maduro. Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição". Reagiu a deputada María Corina.

Em resposta, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República esclareceu que "Corina faz ilação sem base". 

Recentemente Lula esteve reunido com líderes latino-americanos no Caribe para tratar da crise entre Venezuela e Guiana envolvendo o território guianense de Essequibo. Porém, parece que o presidente do Brasil, que dá sinais claros de abono a democracias relativas, como a do governo de Maduro, quer liderar a solução do conflito sem debater a ditadura implantada no país vizinho.

Está cada dia mais nítido que a política externa e as simpatias diplomáticas do governo Lula é perigosa e nefasta para a imagem do Brasil e para o equilíbrio da defesa dos interesses da nação junto a outros países. Resta saber, quais atitudes o Congresso Nacional irá tomar em relação a essa situação.

Antonio Victor é jornalista e geógrafo.

FOLHA 390 — Jornalismo Independente

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