Editorial: O exercício da democracia, não admite desrespeito. Muito menos misoginia!

Brasília (DF), 27/05/2025  - Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado durante audiência para ouvir a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A democracia é um sistema político onde o poder é exercido pelo povo, seja diretamente ou através de representantes eleitos. A nação brasileira, após 21 anos de ditadura, selou seu pacto democrático com a promulgação da Constituição Federal de 1988. 

As instituições democráticas, são aquelas que são responsáveis por operar esse regime político, e seus membros, representam os interesses da sociedade.

O parlamento é o espaço privilegiado, por meio do qual, ocorrem os estudos, debates e votações importantes que dão rumo à política nacional.

No Brasil, a Emenda Constitucional nº 35, diz no Art. 53 que "Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos". 

Porém, está cada dia mais claro que, a imunidade parlamentar tem sido usurpada por parlamentares ineptos, que não valorizam nem respeitam os limites dessa prerrogativa. Cruzando, irresponsavelmente, a linha tênue entre a liberdade de expressão e a violência.

O recente fatídico ocorrido com a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante audiência da Comissão de Infraestrutura, do Senado Federal, expôs no comportamento abjeto do Senador Plínio Valério (PSDB-AM), a violência de gênero, cínica, vestida de terno e gravata: 

"Ministra Marina, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra. Não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito, a ministra não. Por isso que eu quero separar", disse Valério, líder do PSDB no Senado. 

Este não foi o primeiro ataque do senador à Marina. Em março, durante uma audiência da CPI das ONGs, Plínio chegou a dizer: "Imagine o que é tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la?". Na ocasião, a ministra respondeu: "Com a vida dos outros não se brinca. Só os psicopatas são capazes de fazer isso". 

Durante a reunião, o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), cortou o microfone de Marina, a interrompeu diversas vezes e, ao reagir a críticas, disse que a ministra deveria "se pôr no seu lugar".

"Eu tenho educação, sim. O que o senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou. Eu vou falar", retrucou Marina.

Ficou claro no episódio, que a Ministra sofreu violência simbólica, através de falas agressivas e machistas. Isso é vergonhoso, já que o exercício da democracia, não admite desrespeito travestido de "liberdade de expressão", muito menos fantasiado de "atividade parlamentar".

O fato concreto expõem que não se trata de simples divergência política, mas do puro suco da misoginia, que em pleno século XXI se insurge contra mulheres que ousam ocupar lugares que no passado, seria intolerável para elas.

Em nome de todas as mulheres que diariamente são desrespeitadas no exercício de suas funções, fica aqui a nossa solidariedade e o nosso repúdio!


 



 

 

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