Em entrevista à Folha 390, Ministra Marina Silva, fala sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
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A Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, veio a Belém nessa quinta-feira (13), para participar da 5ª Conferência Estadual de Meio Ambiente do Pará.
O evento reúne representantes da sociedade civil organizada, governos e setor privado para deliberar sobre as vinte propostas prioritárias envolvendo as questões ambientais do Estado, que serão defendidas pelos 50 delegados eleitos pela plenária estadual na Conferência Nacional de Meio Ambiente, em Brasília-DF, que ocorrerá nos dias 6 e 9 de maio de 2025.
Pela manhã, a Ministra proferiu uma conferência para quase mil delegados e demais representações, no auditório Benedito Nunes, no Campus Magno da Universidade Federal do Pará (UFPA). Onde abordou temas vinculados à agenda ambiental do Brasil, dando destaque para o papel de importância de Belém, capital amazônica que sediará a COP-30, em novembro desse ano.
Segundo Marina Silva, "Essa será a COP mais importante desde que o Acordo de Paris foi assinado". A chefe da pasta também frisou a necessidade de uma completa mudança no paradigma econômico vigente, frente ao aumento da temperatura do planeta.
Segundo ela, o atual modelo se exauriu e não nos levará mais a lugar algum. "Não adianta estimularmos projetos lá do início do século XX. Nós temos que caminhar é em direção ao futuro. Mas, isso tem que ser feito agora! Com o conhecimento técnico científico das Universidades e também das comunidades locais, de agricultores, de povos indígenas, de povos tradicionais, de agroextrativistas [...] tudo isso ajuda com que façamos essas políticas. E também uma boa dose de bom senso, já que o mundo tem lugar para todos. Temos que defender o 'sustentabilismo' [...] só não tem lugar é para o negacionismo. Você pode ser um sustentabilista conservador ou progressista. Mas, o que você não pode ser é, negacionista " - enfatizou, Marina Silva.
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Imagem: @AgenciaPará |
Quando questionada pela Folha 390 sobre o seu posicionamento acerca da exploração de petróleo na margem equatorial, Marina Silva disse que "A decisão se vai ou não vai explorar petróleo no Brasil, não é do Ministério do Meio Ambiente, essa é uma decisão que caberá ao Conselho de Política Energética. Agora, em relação ao processo de licenciamento ambiental, se o empreendimento atende a todos os pré-requisitos da legislação ambiental, aí sim, isso já é com o IBAMA. Pode ter certeza que a resposta que virá, será fortemente embasada pela boa técnica do Licenciamento Ambiental", - afirmou.
A Margem Equatorial é uma região que engloba as zonas marítimas da costa do Brasil, Guiana, Suriname e outros países da América do Sul. A área é rica em petróleo e gás natural, o que a deixa na mira de grandes empresas petrolíferas. E tem sido alvo de muitas críticas de ambientalistas devido aos possíveis impactos diretos e indiretos para os ecossistemas marinho e o bioma amazônico. A iniciativa conta com o apoio do presidente Lula (PT).
Quando falamos em cifras, a estimativa da exploração na Margem Equatorial é de mais de 30 bilhões de barris. Aproximadamente, 10 bilhões seriam somente na foz do Rio Amazonas, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Porém, o Ibama negou autorização para atividades petrolíferas na região. Após a rejeição, foi iniciada uma batalha política e ambiental sobre o tema.
Nesse caso específico envolvendo a exploração de petróleo na margem equatorial, a fala da Ministra evidenciou sua esquiva ao tratar sobre a questão, que tem despertado muitas controvérsias e também a preocupação no que tange ao equilíbrio entre o interesse econômico e a preservação ambiental.