De camelô a empresário bilionário: morte de Sílvio Santos encerra uma era na comunicação brasileira.

 

Imagem: Divulgação/Jornal ABC

Morreu aos 93 anos o empresário e comunicador, Sílvio Santos.

O apresentador estava internado no Hospital Albert Einstein para tratar um quadro de Influenza. O falecimento foi comunicado pela família na manhã do último sábado (18).

Sílvio Santos era o primogênito de uma família de judeus sefarditas, que imigraram para o Brasil nos anos de 1924. O pai era natural de Tessalônica (hoje parte da Grécia) e a mãe, de Esmirna (hoje parte da Turquia).

Acervo SBT: O menino Sílvio Santos em 1942

Nascido em 12 de dezembro de 1930, na Travessa Bem Te Vi, bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, Senor Abravanel (seu nome de batismo), recebeu esse nome em homenagem ao avô, Senor Abram Abravanel, que morreu em 1933 (três anos após o nascimento do garoto). 

A certidão de nascimento do carioca Senor Abravanel, nascido em 1930 e não 1935, como se acreditou até o fim dos anos 1980

Descendente direto, na linhagem paterna, de Isaac Abravanel, estadista judeu português, filósofo, comentador da bíblia e financista, que viveu entre os anos de 1437 e 1508, conforme apurou o jornal Extra, do Rio de Janeiro.

A vida como camelô

Silvinho, como era carinhosamente apelidado pela mãe (que não gostava muito do nome de batismo do jovem), começou sua trajetória profissional como camelô, em 1945. Após 15 anos de Estado Novo, às vésperas da primeira eleição, Sílvio vendia capas para Título de Eleitor e canetas nas ruas do Rio, como forma de ajudar em casa.

A primeira oportunidade de atuar na comunicação foi ofertada ironicamente, por um homem que fora responsável pela repressão aos camelôs no centro da cidade do Rio de Janeiro, que se encantou pelo jovem e, ao invés de apreender sua mercadoria, o convidou para fazer um teste na Rádio Guanabara, comandada por um amigo seu.

Apesar de aprovado no teste, Sílvio logo abandonou a função, por ganhar mais dinheiro como ambulante, do que na rádio. O jovem trabalhava nas ruas de onze ao meio dia, para fugir dos rapas - policiais que tentavam impedir a atuação dos vendedores ambulantes não legalizados. Como eles nesse horário para almoçar, Sílvio aproveitava para trabalhar, conforme descreveu o jornalista Arlindo Silva (falecido em 2011), na biografia Sílvio Santos, a trajetória do mito, lançada em 2000.

A trajetória como empresário

No final da década de 1940, o jovem Senor voltou a trabalhar na rádio Continental, em Niterói, após prestar serviço militar na Escola de Paraquedistas da Aeronáutica. 

Enquanto pegava a barca para cruzar a baía de Guanabara, voltando para o Rio de Janeiro, teve ideia de colocar músicas para animar os passageiros. Percebendo a oportunidade de negócio, o jovem deixou a rádio e investiu na compra de equipamentos de alto falante. Logo também passou a oferecer bingos e vender bebidas ao público.

Em São Paulo, Sílvio foi chamado para ser comunicador na Rádio Nacional, a convite de um amigo locutor que trabalhou com ele na rádio Tupi. Juntamente com um sócio, trouxe os equipamentos de som que comprara para as barcas em Niterói, e abriu um bar na capital paulista, onde passou a morar.

Através do jornalista Manoel da Nóbrega, Sílvio começa a empreender com o Baú da Felicidade, passando a vender carnês e sortear prêmios, tornando-se popular e lucrativo. Popular e carismático, o empresário chegou à TV, desenvolvendo em paralelo a venda de revistas de passatempo, corretor de anúncios e animador de circo.

Com o sucesso obtido e o crescimento notório do Baú da Felicidade, o habilidoso empresário partiu para um novo desafio: a busca por uma concessão de TV, ainda no governo dos militares. A primeira veio em 1975, no governo do general Ernesto Geisel. No ano seguinte, a TVS entrou no ar. Aí surgia o embrião do que em 1981 se tornaria o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que hoje conta com 110 afiliadas pelo país e cerca de 6 mil funcionários.

Desde que fundou o Grupo Sílvio Santos, em 1958, o apresentador foi agregando à sua estratégia, uma série de negócios, chegando a comandar um conglomerado de 33 empresas diferentes, que vão de hotéis de luxo, títulos de capitalização, banco, concessionárias de veículos, à marca de cosméticos Jequiti.

Também tentou carreira política em 1989 pelo Partido Municipalista Brasileiro (PMB), para o cargo de presidente. Mas, a aventura só durou 8 dias. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atendendo aos 18 pedidos de impugnação da chapa, decidiu que o PMB estava em situação irregular para disputar àquelas eleições.

Comoção nacional

A morte de Sílvio Santos provocou enorme comoção nacional, a última nessa proporção, foi a de Ayrton Sena, piloto de Fórmula 1. 

Pessoas dos mais diversos estratos da sociedade lamentaram profundamente a morte do apresentador, que repercutiu internacionalmente.

Florinda Meza, que interpretava a Dona Florinda, no Seriado Chaves escreveu em seu perfil no X "agradeço por abrir a porta da alegria aos meus amados brasileiros com os programas Chespirito. Esse legado e tudo que você fez ficará para sempre no coração do Brasil e no meu. Adeus, amigo e por favor dê um abraço no meu Rober".

Sílvio foi o maior e melhor comunicador das últimas décadas do nosso país. Já era um amigo próximo, por fazer parte das tardes de domingo das famílias brasileiras. 

O apresentador deixa não apenas um legado de superação, determinação e riqueza, mas também como ser humano. Pois, frequentemente será lembrado como filantropo, por sua generosidade, liderança e carisma.

"Silvio Santos foi a maior personalidade da história da televisão brasileira, e um dos grandes comunicadores do país". - Escreveu o Presidente Lula, em sua conta oficial no X. 

O Governo Federal decretou luto oficial em todo território nacional pelos próximos três dias. Portanto, a bandeira nacional será hasteada a meio mastro em todos os órgãos públicos do país.

A Folha 390, órgão de comunicação independente na Amazônia, externa o seu pesar por sua morte!.




Next Post Previous Post
No Comment
Add Comment
comment url

Você também pode gostar