Setor mineral pretende reduzir uso de energia elétrica e água, além de aumentar áreas protegidas e eliminar risco de acidentes

 


O setor mineral tem como metas para os próximos dez anos reduzir em 10% o uso de energia elétrica nas indústrias minerais e o consumo de água nos parques extrativos, além de aumentar em 10% as áreas protegidas e trabalhar para eliminar totalmente os riscos de acidentes ambientais. As metas foram apresentadas pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Wilson Brumer. 

O Seminário Mineração, Transição Energética e Clima, promovido pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira (19), discutiu ações de enfrentamento à emissão de gases de efeito estufa (GEE), defesa do meio ambiente, transição energética e clima nas atividades de extração dos minérios, nos próximos anos. 

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O encontro foi organizado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados em três painéis: “Minerais do futuro”; “O impacto das novas tecnologias na demanda do lítio”; “Estratégias de descarbonização na indústria mineral”.

A atividade mineral está presente em pouco mais de 0,5% do território nacional, em cerca de 2.500 municípios, de acordo com o IBRAM. o ramo é responsável por cerca de 4% do Produto Interno Bruto do País, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME).

“A indústria mineral é uma baixa emissora de gases de efeito estufa, em comparação com outros setores, mas isso não quer dizer que a gente não tenha de tomar medidas concretas para mitigar ainda mais as nossas emissões, e outras iniciativas relacionadas a descarbonização”, ressaltou Wilson Brumer. 

Mineração na mudança climática

O Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), entidade que representa empresas e associações nacionais minerais em todo mundo, lembrou aos deputados presentes no seminário que a atividade mineral é a responsável por promover a descarbonização da atmosfera porque é provedora das principais matérias-primas das tecnologias de baixo carbono. Ou seja, segundo o CEO da entidade, Rohitesh Dhawan, a transição climática por meio do fomento de tecnologias consideradas limpas só será possível por causa da atividade mineral e o setor precisa se posicionar no centro das decisões mundiais sobre o tema.

A transição energética, segundo o ICMM, é dependente de minérios essenciais para produção de baterias - que vão substituir os motores a combustão - na construção de placas e chips presentes em turbinas de geradores eólicos e nas peças dos novos veículos elétricos, por exemplo.

Entretanto, Dhawan alertou que a indústria mineral também precisa diminuir a própria emissão de GEE por meio da substituição do maquinário dependente do diesel. Segundo dados repassados pelo CEO do ICMM, a atividade mineral é responsável por cerca de 5% a 7% do total de emissão GEE no mundo. A meta do setor é trocar a combustão por tecnologias mantidas por hidrogênio ou eólicas. A ICMM lembrou que a tendência do setor mineral é acabar totalmente com a emissão de GEE em seus processos até 2030. 

“Muitas indústrias minerais pelo mundo já estão usando 100% de energias renováveis e, isso [a transição] deve continuar no curso do tempo”, contou Rohitesh Dhawan, CEO do ICMM.

Crescimento

A atividade mineral brasileira vem demonstrando crescimento forte desde 2020, quando o setor teve faturamento de quase R$ 210 bi, gerando cerca de R$ 72 bi em impostos e participando com 2,5% do PIB, de acordo com informações do Ministério de Minas e Energia.

Os dados do Governo Federal revelam, ainda, que, apenas nos seis primeiros meses deste ano, a atividade já negociou mais de R$ 149 bi, aumento de 98% em comparação ao mesmo período do ano passado, e tem expectativa de gerar R$ 80 bi em impostos até o final de 2021. Ao todo, o setor mineral é responsável por três milhões de empregos diretos no País, sendo 11 mil postos criados apenas neste ano.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, lembrou, durante o Seminário Mineração, Transição Energética e Clima, que o País está empenhado para investir no setor, por meio de incremento dos institutos de geologia e de promoção de tecnologias verdes, e da diminuição da emissão dos GEE na cadeia produtiva mineral. 

“Seguimos dando tratamento prioritário à mineração, uma vez que reconhecemos seu papel na cadeia extrativa e o potencial que ainda temos a explorar. Alcançaremos mais de 197 bi em investimentos no setor até 2025”, anunciou o ministro. 

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